Aloysio Reynato Beiler – Formador Regional Sudeste 2 JUFRA


Queridos irmãos e irmãs,
Em 12 de outubro de 2017, a Igreja Católica, especialmente no Brasil, celebrará os 300 anos do encontro da imagem da Virgem Maria nas águas do Rio Paraíba do Sul, junto à cidade de Guaratinguetá. Atualmente, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, mantida pelos missionários redentoristas em Aparecida (SP), é um dos maiores templos católicos do mundo, e que recebe milhares de fiéis a cada ano, popularmente chamados de “romeiros” (assim chamados por se organizarem em “romarias” para venerar Maria, muitas vezes a cavalo).
Mas uma história tão linda e grandiosa começou, como não poderia deixar de ser, de forma discretíssima: a pequena imagem de terracota da Virgem de Aparecida foi encontrada por três humildes pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves, que a localizaram durante uma pescaria próximo ao Porto de Itaguaçu. Só que, logo em seguida, os pescadores lançaram novamente as redes e apanharam inúmeros peixes, um acontecimento extraordinário, pois não haviam conseguido nada durante toda a noite. É de se notar que tal milagre em muito se assemelha à pesca milagrosa retratada no Evangelho (Lc 5:5-10).  
Maria, que é mãe de Jesus Cristo Deus e Homem - e este é um dos mais extraordinários mistérios de nossa fé! – nos dirige seu olhar misericordioso todos os dias. A Virgem Aparecida representa perfeitamente o fato de que a Mãe de Deus, embora discreta por natureza e “aparecendo” pouquíssimas vezes no Evangelho, conduz-nos silenciosa e amorosamente à glória do Deus.
Ora, não deve ser mera coincidência o fato que, embora Ela seja a medianeira de todas as graças, Maria sempre opte por se revelar de um jeito tão discreto para a humanidade. Foi assim em Fátima, quando se dirigiu inicialmente a apenas três pequenos pastores (crianças); em Lourdes, quando optou por abordar apenas Bernardette, uma menina de apenas 14 anos, e em tantos outros lugares. Que forma mais discreta e bela idealizada pela Divina Providência para despontar a Virgem: em Aparecida (SP), achada em meio às águas de um rio, num dia de pescaria fraca!
Maria é a rainha do céu, onde está sentada ao lado de Deus, mas também é a rainha do amor discreto e prudente. Ora, com essas características, é perfeitamente natural que nosso Pai Francisco de Assis lhe dirigisse a mais tenra e ardorosa devoção. Se não há como ser um verdadeiro católico e alcançar a graça sem a intercessão da Virgem, mais impossível será alguém integrar a família franciscana (especialmente, nós, da JUFRA) sem se escudar em sua Materna Proteção!
Não é uma simples imitação ou coincidência do destino: as características que Francisco mais prezava nos irmãos e que mais batalhava para levar à humanidade são rigorosamente as mesmas características da Virgem Maria. Por isso o nosso tau e o cíngulo que envolve a cintura dos irmãos frades da Ordem Primeira têm três nós: representa-se a obediência, pobreza e castidade (pureza de coração).
Ora, Francisco, homem mariano por excelência, sabia que ninguém poderia se vangloriar (embora é claro que Ela jamais se vangloriasse de nada) de ser mais humilde do que a Virgem Maria. Ela praticamente não fala ou aparece nos textos da Bíblia.
Quem, além da Mãe de Deus, foi tão pobre, dando à luz seu Sagrado Filho, o próprio Filho de Deus, numa manjedoura (Lc 2:7)?
Qual coração foi mais puro do que da jovem Maria, que assim se manteve por toda a vida? Maria é virgem, ensina-nos o Catecismo, porque a virgindade é nela o sinal da sua fé, sem a mais leve sombra de dúvida e da sua entrega sem reservas à vontade de Deus. É graças à sua fé que ela vem a ser a Mãe do Salvador: Beatior est Maria percipiendo fïdem Christi quam concipiendo carnem Christi – Maria é mais feliz por receber a fé de Cristo do que por conceber a carne de Cristo”. (cf. Catecismo da Igreja Católica, § 506).
Dizer que Francisco era “devoto” da Mãe de Deus, com todo o respeito, é enxergar com pouca nitidez (1) o que ele pensava sobre Maria e (2) como a Ela acorria em suas dificulades. Séculos antes de São Luís Maria Grignion de Montfort escrever “o espírito desta devoção (a Maria) é tornar a alma interiormente dependente e escrava da Santíssima Virgem e de Jesus por meio dela" (MONTFORT, São Luís Maria Grignion. O segredo de Maria. Item 44), Francisco já vivia assim e ensinava a seus seguidores atender a tal conselho.
A Virgem Maria, em todas as suas manifestações (mas especialmente a Virgem Aparecida, padroeira do Brasil), é Mãe da família franciscana e da JUFRA. Nós, católicos brasileiros, devemos o privilégio extraordinário de poder louvar de perto a Mãe Aparecida, na linda Basílica, e poder murmurar e rezar com devoção e amor assim como Francisco fazia: “Salve, ó Senhora santa, Rainha santíssima, Mãe de Deus, ó Maria, que sois Virgem feita igreja, eleita pelo santíssimo Pai celestial, que vos consagrou por seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!” (cf. Saudação à Mãe de Deus).
Que nesses 300 anos, possa a Santíssima Mãe de Deus, o mais seguro e perfeito caminho rumo ao Cèu, acompanhar e guiar nossa caminhada franciscana, amparando-nos nas nossas fraquezas, consolando nas doenças e guiando em todos os caminhos nessa vida.
Paz e Bem!